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Antes se pensava que os genes eram transmitidos
exclusivamente à prole de cada espécie e por meio da reprodução. Agora os
cientistas estão descobrindo que os genes podem ser compartilhados não apenas
entre os membros da mesma espécie, mas também entre outras. Esse processo de
transferência genética acelera a evolução, pois os novos organismos podem
adquirir experiências "já aprendidas" pelos outros (Nitz et al, 2004;
Pennisi, 2004; Boucher et al, 2003; Dutta e Pan, 2002; Gogarten, 2003). Com
essa troca de genes, os organismos não podem mais ser vistos como entidades
separadas. Não existe mais a suposta divisão entre as espécies. Daniel Drenn,
gerente do departamento de energia do projeto Genoma, declarou à Science em
2001 (294:1634): "... não temos mais como simplesmente qualificar espécies"
(Pennisi, 2001).
Mas essa troca de informações genéticas não ocorre por
acidente. Trata-se de um método que a natureza utiliza para aumentar as chances
de sobrevivência da biosfera. Como já mencionei, os genes são os arquivos de
memória das experiências aprendidas pelos organismos. Essa nova descoberta de
que há troca de genes entre as espécies mostra que as experiências podem ser
compartilhadas por todos os indivíduos que compõem a grande comunidade da vida.
Obviamente, o conhecimento desse mecanismo de transferência torna a engenharia
genética ainda mais perigosa. Por exemplo: experiências simples com genes de
tomates podem ir muito além daquilo que se imaginava e acabar alterando toda a
biosfera de maneira irreversível. Um estudo recente mostra que, quando humanos
ingerem alimentos geneticamente modificados, os genes criados artificialmente
se misturam e alteram as características das bactérias benéficas do intestino
(Heritage, 2004; Netherwood et al, 2004).
Por outro lado, as modificações genéticas podem ser
anuladas por uma ação do pensamento. Pois o pensamento é a ação do meio que
mais está conectado com as reações do corpo. O modo como compreendemos o meio
interfere mais do que as próprias ações de um meio amplamente influente. Por
exemplo: em um caso narrado por Dr. Lipton, um paciente morre por causa do seu
pensamento errôneo acerca dos exames. Este efeito é chamado de “nocebo” e é
quando acreditamos que uma ação, ou uma palavra, é contrária à verdade, e pior,
nociva. O paciente acreditou que uma mancha no pulmão, vista na radiografia,
era um câncer. Após a morte em pouco tempo, se descobriu exames anteriores, de
muitos anos, com a mesma mancha. É o que acontece quando um médico diz que você
tem poucos meses de vida ou uma doença incurável.
Somente porque a medicina não examinou os casos de cura,
pois elas existem, todavia são negligenciadas pela indústria farmacêutica,
temos a impressão ou a ilusão de que as doenças são mecanismos que só podem ser
tratadas pela medicina que nasceu no século 19 com Pasteur e Fleming e Koch e
tantos outros. Ou pela segregação entre ciência e religião propiciada pelo
heliocentrismo. Os grandes cientistas estabeleceram as regras do jogo até os
dias de hoje quando ainda admitem que os átomos são matéria. Porém até:
Darwin admitiu, no final de sua vida, que sua teoria
evolucionista havia subestimado o papel do meio ambiente. Em uma carta que
escreveu para Moritz Wagner em 1876, ele declara (Darwin, F 1888): "Em
minha opinião, o maior erro que cometi foi não dar a devida atenção à ação do
ambiente sobre os seres, como no caso dos alimentos, clima etc.
independentemente do fator seleção natural... Quando escrevi A origem das
espécies, e mesmo nos anos seguintes, jamais percebi as evidências da ação
direta do meio ambiente; hoje elas são muito claras para mim".
O que pensar então das manchetes sensacionalistas
anunciando a descoberta de um gene para cada doença, de depressão a
esquizofrenia? Mas leia esses artigos com calma e você vai descobrir outra
verdade por trás deles. Os cientistas associaram diversos genes a diferentes
doenças e características, mas ainda não chegaram à conclusão de que um simples
gene possa ser a fonte delas.
A confusão ocorre porque a mídia deturpa o sentido de
dois termos muito importantes: correlação e causa. Uma coisa é dizer que um
fator está relacionado a uma doença, outra é dizer que ele é a causa dela, pois
isso envolve uma ação direta. Se eu lhe mostrar um molho de chaves e disser que
uma delas "controla" meu carro, você vai achar que faz todo sentido,
pois sabe que é necessário usar uma chave para dar partida em um automóvel. Mas
será que a chave realmente "controla" o carro? Se fosse assim, não se
poderia deixar a chave no carro porque ela iria querer passear sozinha com ele
quando você não estivesse por perto. A chave está "relacionada" ao
controle do carro; a pessoa que a tem nas mãos tem controle sobre ele. Da mesma
maneira, determinados genes estão relacionados ao comportamento de um organismo
e às suas características. No entanto, permanecem em estado passivo a menos que
uma força externa aja sobre eles.
Mas que força é essa que pode ativar os genes? Uma
resposta muito interessante para essa questão foi publicada em um ensaio de
1990 intitulado "As metáforas, o papel dos genes e o desenvolvimento",
de H. F. Nijhout (Nijhout, 1990). O autor apresenta evidências de que os genes
que controlam a biologia se repetem com tanta frequência e por períodos tão
longos de tempo que os cientistas se esqueceram de que se trata apenas de uma
hipótese, não de verdade comprovada. Na verdade, a ideia de que os genes
controlam a biologia é apenas uma suposição jamais comprovada e até questionada
pelas descobertas científicas mais recentes.
069MH01. Biologia da Crença. Bruce H. Lipton.
Isto me recorda que no livro A Arte da Felicidade,
escrito por Howard C. Cutler e Sua Santidade Dalai Lama, podemos entender
melhor:
— No esforço de determinar a origem dos problemas de cada
um, parece que a abordagem ocidental difere sob muitos aspectos do enfoque
budista. Subjacente a todas as variedades de análise ocidental, há suma
tendência racionalista muito forte, um pressuposto de que tudo pode ser
explicado. E ainda por cima existem restrições decorrentes de certas premissas
tidas como líquidas e certas. Por exemplo, eu recentemente me reuni com alguns
médicos numa faculdade de medicina. Estavam falando sobre o cérebro e afirmaram
que os pensamentos e os sentimentos resultam de diferentes reações e alterações
químicas no cérebro. Por isso, propus uma pergunta. É possível conceber a
sequência inversa, na qual o pensamento de ensejo a sequência de ocorrências
químicas no cérebro? Mas a parte que considerei mais interessante foi a
resposta dada pelo cientista. “Partimos da premissa de que todos os pensamentos
são produtos ou funções de reações químicas no cérebro.” Quer dizer que se
trata simplesmente de uma espécie de rigidez, uma decisão de não questionar o
próprio modo de pensar.
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