As células também são capazes de
aprender com as experiências que vivenciam em seu ambiente e de criar uma
espécie de memória que é passada aos seus descendentes. Por exemplo: quando o vírus do
sarampo infecta uma criança, suas células ainda não amadurecidas são colocadas
em ação para criar um anticorpo de proteína protetor e combatê-lo. Nesse
processo, as células criam um novo gene que servirá de padrão para a fabricação
de anticorpos contra o sarampo.
O primeiro
passo para gerar um gene de anticorpos ocorre no núcleo das células
imunológicas imaturas. Em seus próprios genes há um grande número de segmentos
de DNA que contêm códigos de fragmentos moldados de proteínas. Recombinando e
montando aleatoriamente esses segmentos, as células imunes criam uma vasta gama
de genes que formam uma proteína única de anticorpos. Então, quando uma célula
imune imatura produz uma proteína de anticorpos que seja um complemento físico
"semelhante" ao do vírus do sarampo, aquela célula é ativada.
Células
ativadas utilizam um mecanismo muito interessante chamado "maturação de
afinidade", que lhes permite "ajustar" de maneira muito precisa
o formato de sua proteína de anticorpos, para que ela seja um complemento
perfeito para vírus como o do sarampo (Li et al., 2003; Adams et al., 2003).
Por meio de um processo chamado "hipermutação somática", as células
imunes ativadas fabricam centenas de cópias de seu gene de anticorpo. Mas cada
nova versão do gene é levemente modificada e contém um formato diferente da
proteína de anticorpo. A célula seleciona a variante de genes que melhor se
adapta àquela necessidade de anticorpos. Essa versão selecionada do gene também
passa por vários ciclos de hipermutação somática para que a forma do anticorpo
seja esculpida a ponto de se tornar o complemento físico "perfeito"
do vírus (Wu et al., 2003; Blanden e Steele, 1998; Diza e Casali, 2002;
Gearhart, 2002).
Quando o
anticorpo esculpido se une ao vírus, desabilita-o e o marca para ser destruído,
protegendo a criança do sarampo. As células criam então um "arquivo"
das informações genéticas desse anticorpo para que todas as vezes que o
organismo for invadido pelo vírus do sarampo elas possam responder
imediatamente. O novo gene de anticorpos também pode ser passado a todas as novas
gerações em seu processo de divisão. Assim, elas não apenas
"aprendem" sobre o vírus do sarampo como criam um "arquivo"
a ser herdado e propagado entre a sua prole. Este magnífico processo de
engenharia genética é de extrema importância, pois representa um mecanismo de
"inteligência" inata que permite às células se desenvolver (Steele et
al., 1998).
Biologia da Crença. Bruce H. Lipton.
Assim sendo, o corpo é capaz de
revidar qualquer ataque biológico ao corpo usando a mesma tática do vírus ou
bactéria invasores. Contudo, o fator meio interfere na resposta “automática” do
nosso sistema imunológico. Com o tempo passamos a acreditar que o nosso
organismo não é eficiente, que o combate aos agentes invasores tóxicos só será
superado com a intercedência de medicamentos e cirurgias. O nosso corpo é
constituído de células capazes de enfrentar elementos estranhos. Pois muitos
deles constituem parte integrante do nosso organismo, seres simbióticos que
cooperam conosco.
O nosso organismo é naturalmente
autorregulador, não há a necessidade de repor elementos químicos para que o
corpo não seja dizimado por microorganismos nocivos. O papel autorregulador do
corpo humano é melhor explicado pelo Dr. Eric Pearl no livro Reconexão, onde
ele demonstra que estas ações de regulação são perturbadas por interferências,
sobretudo comportamentais, nestas ações que são intrínsecas dos organismos. Que
o corpo é sempre saudável, ou seja, as nossas atitudes contra destroem esta
harmonia natural. Dr. Lipton diz que o sistema imunológico é perfeito e que a
sua degradação se deve ao “uso indiscriminado e inconsciente do sistema
endócrino” que suprime o imunológico. O sistema endócrino é acionado em momento
de terror, medo e estresse para que o ser possa se proteger do perigo, por ser
um sistema de proteção ele tende a suprimir a ação dos demais sistemas para que
o corpo aumente as probabilidades de defesa e luta pela sobrevivência,
inclusive o sistema imunológico é abolido. Como vivemos em constante estresse,
ativamos mais o sistema endócrino, mesmo que as ações que sejam menos drásticas
do que ser atacado por uma fera, enfrentar os problemas cotidianos geram mais
estresse e em períodos mais longos.
"Um campo é a condição à qual um
sistema vivo deve a sua organização típica e as suas atividades específicas.
Estas atividades são específicas no sentido em que determinam o caráter das
formações a que dão origem.”
São os mesmos campos que permitem que
os nossos corpos, constituídos de mais de 10 trilhões de células próprias e que
abriga outros quase 50 ou mais trilhões de microrganismos de até 100 mil
espécies diferentes, possam manter a coesão estrutural. São os campos que
transmitem informações entre todos os seres vivos de modo que partilhamos de
uma mente inconsciente coletiva.
Há 150 anos
Darwin chegou à conclusão de que os organismos vivem em uma perpétua "luta
pela sobrevivência". Para ele, luta e violência são partes naturais da
natureza animal (humana) e também a "força básica" do desenvolvimento
evolucionário. No capítulo final de A origem das espécies por meio da seleção
natural ou a preservação das raças favorecidas na luta pela vida, Darwin
descreve aquilo que chama de "inevitável
luta pela sobrevivência" e enfatiza que a evolução se dá pela
"guerra da natureza, da escassez à morte". Portanto, a partir dessa
teoria, a evolução se dá de maneira aleatória e temos um mundo cheio de
pequenas batalhas sangrentas e sem sentido em nome da sobrevivência ou, segundo
a descrição poética de Tennyson, "nas mandíbulas da morte".
[...]
Lamarck não
apenas apresentou sua teoria 50 anos antes de Darwin, como ofereceu uma
explicação menos drástica para os mecanismos da evolução. Sua teoria diz que a evolução está baseada em uma interação cooperativa
entre os organismos e seu meio ambiente, que lhes permite sobreviver e evoluir
em um mundo dinâmico. Afirmava que os organismos passam por adaptações
necessárias à sua sobrevivência em um ambiente que se modifica constantemente.
O mais interessante é que a hipótese de Lamarck sobre os mecanismos da evolução
se ajusta muito bem à explicação dos biólogos modernos sobre como o sistema
imunológico se adapta ao meio ambiente da mesma maneira que descrevi antes.
A teoria de
Lamarck foi duramente criticada pela Igreja. O conceito de que os seres humanos
evoluíram a partir de formas de vida mais primitivas foi considerado heresia.
Lamarck também não recebeu o apoio de seus colegas cientistas. Como eram todos
criacionistas, ridicularizaram suas ideias.
Um motivo para os cientistas reverem a
teoria de Lamarck é que os evolucionistas levam em consideração a grande
importância da cooperação na manutenção da vida na biosfera. Inúmeras
experiências científicas já mostraram as relações simbióticas da natureza.
[...]
"Os
biólogos estão descobrindo cada vez mais associações entre animais que
evoluíram paralelamente e continuam a coexistir, desenvolvendo em seu interior
microorganismos que são necessários para a sua saúde e desenvolvimento".
Isso é descrito em um artigo recente da Science, chamado "Sobrevivemos com a ajuda de nossos (pequenos) amigos" (Ruby
et al., 2004). O estudo desses relacionamentos é um ramo da ciência que
hoje está se expandindo rapidamente, chamado "Biologia de sistemas".
O mais
engraçado é que nas últimas décadas aprendemos a combater os microorganismos
usando os mais diferentes produtos químicos, de sabão antibacteriano a
antibióticos. Mas essa prática simplista ignora o fato de que diversas
bactérias são essenciais para a nossa saúde. Um exemplo clássico de como os seres humanos se beneficiam dos
microorganismos é o das bactérias presentes em nosso sistema digestivo,
essenciais para a nossa sobrevivência. Agindo em nosso estômago e trato
intestinal, elas ajudam a digerir os alimentos e permitem a absorção das
vitaminas que mantêm nossa saúde. Esta cooperação entre micróbios e humanos é o
motivo pelo qual o uso desenfreado de antibióticos pode comprometer a
sobrevivência de nossa espécie. Esses medicamentos eliminam microorganismos
nocivos ao nosso organismo, mas também matam indiscriminadamente aqueles que
são essenciais para a nossa saúde.
Estudos
recentes da ciência do genoma revelam mais um tipo de mecanismo de cooperação
entre as espécies. Alguns organismos
parecem integrar suas comunidades celulares partilhando seus genes.
[...]
Henry Ford analisou as vantagens técnicas do
esforço conjunto e as utilizou para criar o conceito de linha de montagem para
a fabricação de carros. Antes de Ford, uma equipe de funcionários levava de uma
a duas semanas para produzir um único automóvel. Ele organizou sua fábrica de
modo que cada funcionário fosse responsável por uma tarefa específica.
Posicionou todos em fila na esteira de produção e foi passando as peças de um
especialista para o outro. O conceito de especialização de tarefas se mostrou
tão eficaz que a indústria de Ford conseguia produzir um automóvel em apenas 90
minutos.
Mas,
infelizmente, "nos esquecemos" desse conceito de cooperação, tão
necessário para a evolução, quando Charles Darwin propôs uma teoria
radicalmente diferente sobre o surgimento da vida.
Extraído de 067MH1 e 068MH1
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